Outro ponto que favorece Maduro é contar com o apoio de militares, os quais estrategicamente acomodou em cargos de comando em toda a cadeia produtiva, inclusive no setor petrolífero, e de uma fatia de empresários próximos, a quem é dado o direito de explorar bons negócios — os “boliburgueses”, burgueses da era bolivariana. Integrante dessa ala, Tito López, presidente da associação das indústrias, não quer saber de conflito, o que naturalmente abalaria as esteiras fabris. “Creio que tudo vai terminar com uma negociação em que a paz prevaleça”, diz, sem mais detalhes. O cerco americano entrou mesmo no rol das preocupações locais, mas o que ainda se sobrepõe são as asperezas do dia a dia. “O que mais me afeta é a falta de segurança que meus filhos adolescentes enfrentam na rua”, fala a cabeleireira D.E., 47 anos, de olho nos altos índices de vítimas da criminalidade entre jovens. Em razão da subida de temperatura, a disparada do dólar, correntemente usado pelos venezuelanos, também virou dor de cabeça, por corroer o já reduzido poder de compra das famílias. “Às vezes não consigo comprar nem um saco de farinha”, queixa-se a aposentada R.L., 70 anos. São faces de um drama humanitário que já provocou a debandada de mais de 7,7 milhões de pessoas.