Preso na carceragem da Polícia Federal em Brasília desde o dia 22 de novembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a considerar cada vez mais a possibilidade de, enfim, passar o bastão a um herdeiro político. Nos últimos dias, cresceu a convicção de que o nome a ser ungido deveria ser o de Flávio Bolsonaro, o seu primogênito, tido como o mais “político” dos filhos, capaz de buscar pontes com outros setores da oposição. Em ao menos três ocasiões, o senador ouviu do pai que deveria estar preparado. Na terça 2, antes de ir a novo encontro, Flávio disse ter orado e prometido a Deus que “o que saísse da boca do meu pai nessa visita a gente iria tomar como uma decisão definitiva”. Levou com ele uma carta de Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos Estados Unidos, na qual, em meio a palavras de incentivo, relatos sobre a vida privada e desenhos feitos pelos filhos pequenos, o irmão argumentava ao pai sobre a “decisão que precisava ser tomada”. Foi nesse ambiente, em que se misturavam família e política — amálgama que moldou a história do clã —, que Bolsonaro deu o veredicto há muito tempo esperado pela direita. “Bicho, o nome tem que ser você. E tem que ser agora. Vamos embora”, anunciou. “Sim, senhor, vamos embora”, respondeu Flávio.