Há, portanto, 88 milhões de brasileiros, classificados como “invisíveis”, que se mantêm ao largo desse clima de polarização. Os pesquisadores dividiram a sociedade em seis segmentos distintos, um espectro bem mais amplo do que a dualidade costumeira — os progressistas militantes (radicais), a esquerda tradicional, os patriotas indignados (radicais), os conservadores tradicionais, os desengajados e os cautelosos — esses dois últimos segmentos somam 54% (veja o quadro). Os radicais de esquerda e de direita representam, respectivamente, 5% e 6% da população. Organizado e com uma adesão automática à agenda defendida por seus principais líderes — o presidente Lula ou Jair Bolsonaro —, esse grupo é o mais escolarizado, se engaja em manifestações e parte para o embate retórico sempre que possível. São os regentes do clima de confronto que parece contaminar todos os assuntos. Alinhados aos radicais, mas com alguma pitada de moderação, estão a esquerda e os conservadores tradicionais, que somam 14% e 21%, respectivamente. Ambos têm algum grau de identidade partidária, mas não é sempre que dão eco a temas políticos e que se engajam nos debates.