Trata-se, de fato, de um avanço relevante, mas que está longe de resolver as distorções do regime. Apesar de representar um alívio, a medida não altera as fragilidades históricas do imposto de renda das pessoas físicas, que permanece excessivamente complexo, desigual e injusto. Um estudo recente do Sindifisco Nacional revela que, em 2023, os super-ricos, com rendimentos mensais acima de 320 salários mínimos, pagaram uma alíquota efetiva média de 4,34%, enquanto aqueles que recebem entre cinco e trinta salários mínimos foram tributados em 9,85%, mais do que o dobro. Essa assimetria foi construída ao longo de anos pela inércia de sucessivos governos na atualização da tabela de IR para compensar a inflação, que empurrou a classe média para patamares tributários mais elevados mesmo sem ganho real de padrão de vida. Estudos também mostram que, entre 2007 e 2023, aqueles com rendimentos muito elevados reduziram sua carga tributária em 37% nesse período, enquanto a classe média viu sua alíquota efetiva aumentar mais de 2.900% em algumas faixas de renda.