Quando era um campeão de popularidade, o presidente Lula desfilava como o “pai dos pobres”, embalado pelo sucesso de programas sociais, e também como a “mãe dos ricos”, devido à profícua relação de parceria com os maiores empresários brasileiros, que tinham contratos bilionários com a administração federal e recebiam ajuda do governo para conquistar mercados no exterior. O Brasil, como dizia o slogan oficial, era um país de todos. Antes desse tempo de bonança, no entanto, houve um período em que o petista apostou pesado na estratégia da divisão. Foi em seu primeiro mandato, quando o escândalo do mensalão eclodiu, ameaçando a sua permanência no cargo. Para sair das cordas, o “Lulinha paz e amor” da campanha de 2002 aceitou o conselho do marqueteiro João Santana e passou a alegar que a oposição, que representaria a elite, estava usando o esquema de suborno parlamentar como pretexto para derrubar o governo do PT, que seria o primeiro projeto genuinamente popular a chegar ao poder no país. Nascia, assim, a tese do “nós contra eles”, que agora volta ao centro do debate como boia de salvação para uma gestão sem rumo, impopular e frágil politicamente.