A trégua já fez os preços do petróleo, que haviam disparado, recuar a patamares pré-conflito. Mas o episódio reacendeu um temor que frequentemente ronda o Estreito de Ormuz: o fechamento da passagem de 50 quilômetros de largura controlada por Irã e Omã, por onde passam cerca de 20% do petróleo e gás que abastecem o planeta. O Parlamento iraniano chegou a aprovar a medida, mas o cessar-fogo levou à suspensão do plano, ao menos por ora. “Seria um desastre”, diz Ahmed Ben Salem, analista do banco Oddo BHF. “Apesar da ascensão do petróleo de xisto nos Estados Unidos, os países do Golfo continuam indispensáveis para o fornecimento mundial.” É verdade que os planos de Netanyahu ao atacar seu maior rival na região não se concretizaram, e possivelmente nem ele próprio acreditava que o Irã fosse sair dessa sem programa nuclear e sem aiatolás. Mas o fato é que conseguiu, em alguma medida, retirar as questões humanitárias de Gaza do foco, assim como sua inépcia no resgate dos reféns até hoje nas mãos do Hamas, e baixou a poeira dos radicais ortodoxos que compõem sua coalizão e ameaçaram, dias antes dos bombardeios contra Teerã, derrubá-lo. Também demonstrou a supremacia militar israelense — dos cerca de 500 mísseis disparados pelo Irã, apenas 6% atingiram áreas urbanas, sendo os outros neutralizados ainda no ar. Foram 28 os mortos do lado de Israel e 640 os do Irã. “Ele ganhou força e fôlego para continuar no poder”, afirma Mitchell Barak, que trabalhou com Netanyahu na década de 1990. Pela primeira vez em 2025, mais israelenses disseram preferi-lo como líder, segundo uma aferição que elencou vários nomes, feita logo depois do cessar-fogo.