A tecnologia é uma aliada poderosa para quebrar o ciclo econômico em torno da atividade criminosa, mas não dá conta do recado se não for acompanhada da ação da polícia, peça crucial para desbaratar as quadrilhas que atuam em um mercado que movimentou inacreditáveis 22,7 bilhões de reais entre julho de 2023 e o mesmo mês do ano passado, segundo os mais recentes cálculos do FBSP. O grande desafio das forças de segurança é cercear a ousadia e a criatividade dos criminosos. Em março, a Polícia Civil do Rio de Janeiro desarticulou uma quadrilha do morro Fallet-Fogueteiro, no centro da cidade, que usava um dispositivo com software capaz de modificar os IMEIs, impedindo o rastreamento e permitindo a reutilização com novos chips. No início de abril, foi preso um suspeito de liderar uma gangue especializada em desbloqueio de aparelhos roubados. O grupo, de atuação na Baixada Fluminense, conseguia trabalhar a distância, por meio de softwares — e, abuso dos abusos, dava oficinas, cobiçadas, em que ensinava técnicas para derrubar restrições eletrônicas dos telefones. “A sofisticação é tanta que já vendem cursos remotos no submundo do crime que ensinam a burlar as barreiras de segurança e a mudar o número de registro”, diz Victor Tuttman, delegado responsável pela investigação.